terça-feira, 30 de abril de 2019

Eu li o livro e mesmo assim não sei quem é a Alasca

A pergunta que não quer calar é: por que eu sempre faço as coisas de última hora? Talvez porque eu goste da emoção de ter que fazer as coisas às pressas? É, talvez seja isso mesmo. E cá estou eu para trazer mais um post do Together, aquele projeto maravilhoso na qual faço parte e dou meu máximo para participar todo mês (mesmo que de última hora). O tema da vez é infâmia literária: abrir o nosso nobre coraçãozinho em uma postagem sobre um livro que nos deixou frustado. Eu pensei seriamente em falar sobre A fuga de Edgar, que eu comprei pensando ser tão bom quanto Sangue na Toneira, mas não passou de uma lástima para minha humilde vida de leitora. Contudo, repensei sobre minhas leituras e resolvi falar sobre um livro que reli não faz muito tempo: Quem é você, Alasca?
Era a terceira vez que eu leria esse livro. Na primeira vez eu larguei ele na metade por não ter digerido os acontecimentos; na segunda aconteceu a mesma coisa; mas na terceira vez eu concluí que o leria essa merda de uma vez por todas.
Preciso confessar que esse foi um dos poucos livros que eu, sinceramente, empurrei com a barriga. Basicamente, a história gira em torno de Miles Halter, um garoto apaixonado por últimas palavras que deixa sua vida na Flórida em busca do Grande Talvez que, ao seu ver, está em Culver Creek, um colégio interno no Alabama. E é lá que ele conhece Alasca Young, a loirinha de olhos verdes que faz seu coração falhar algumas batidas; Chip Martin, ou melhor dizendo, o Coronel, com quem divide o quarto e alguns maços de cigarro; além de Takumi Hikohito, um japonês que manda bem no rap e completa o "Quarteto Fantástico".
Esse plot, sinceramente, tinha tudo para dar errado. O nosso querido Miles, apelidado carinhosamente de Gordo, se trata de um personagem "excêntrico". O que mais temos em livros YA são personagens excêntricos que não se encaixam na sociedade em que vivem e que buscam uma nova maneira de fazer parte dela e com ele não é diferente. Do seu ponto de vista, ingressar em Culver Creek é a chave para sair da mesmice, e o pior de tudo: ele está certo. Sua vida, a partir do momento em que adentra a instituição, vira de ponta-cabeça, seja graças aos planos da Alasca, as aulas de Religião com o Sr. Hyde ou tardes estudando Pré-Cálculo na companhia de uma montanha de batatas fritas do Mc Donald's.
E a Alasca? Preciso comentar o quão ela quer ser a fodona da vez e acaba sendo uma chata? Tudo bem que ela tem um nome cult, é inteligente, gosta de ler, manja de Matemática, é obviamente feminista e não gosta quanto impõem o "paradigma patriarcal" para cima dela, mas precisava mesmo ser tão chata? E por mais que ela seja uma mala sem alça, não posso negar que nossa cara miss Young é a misturinha perfeita do que poderia ser uma personagem verdadeiramente fodona se bem trabalhada.
Por outro lado, o Coronel, sem sombra de dúvida, foi um dos meus personagens preferidos do livro. Meu querido Chip era um personagem extremamente ativo que, além de ter conquistado meu coraçãozinho, conseguiu cometer o crime clássico de ser um personagem mais legal que o protagonista. Me sinto o próprio meme da Lady Gaga falando dele: "talented, brilliant, incredible, amazing, show stopping, spectacular, never the same, totally unique, completely not ever been done before".
Já o Takumi... Sinto que ele foi deixado de lado, sabe? Obviamente, ele não era um dos protagonistas da história, mas eu senti falta dele em certos momentos que eu acho que ele deveria ter participado, mas não podemos negar que, por mais que ele não seja um personagem tão ativo quanto o Chip, há momentos memoráveis em que ele está incluído. 
Agora, falando do desenvolvimento dos personagens, acho que o John deixou a desejar. Sinto que o Takumi e a Alasca não foram tão bem confeccionados quanto o Gordo e o Coronel, que tiveram um destaque maior no decorrer a história. Tudo bem que a loirinha teve seus cinco minutos de fama, mas foram cinco minutos que mais pareciam cinco segundos, sabe? A Alasca tem seu nome no título, então eu esperava que ela fosse ter um destaque maior do que ela teve, o que, ao meu ver, comprometeu o decorrer da história.
Basicamente, eu comecei a ler o livro não conhecendo a famigerada Alasca Young e terminei o livro não conhecendo a famigerada Alasca Young. Existe coisa mais decepcionante do que ler um livro e não conhecer o personagem?
Concluindo, desejo meus parabéns ao John Green por ter feito a filha da putice de atacar minha ansiedade ao dividir o livro em antes e depois, o que acabou servindo de impulso para que eu devorasse essa merda no intuito de saber o que diabos havia acontecido.
E muito obrigada a você que leu até aqui. Espero que você esteja tendo uma boa semana.

2 comentários:

  1. oi, Kathhi!
    eu li esse livro inteiro pela primeira vez esse ano. eu tentei ler ele antes umas duas vezes também, mas eu NUNCA passava do segundo capítulo, porque simplesmente não me prendia. aí eu decidi que leria de uma vez por todas, porque eu queria ler um ya, queria entender o porquê de tanta gente amar esse livro, etc etc
    eu confesso que fiquei entre amor e ódio com esse livro. o conceito da história todo é bem clichézinho mesmo e (como você disse) tinha tudo pra dar errado. apesar de eu achar interessante a parte das últimas palavras e colégio interno, é um pouquinho... superficial, talvez
    e sobre a Alasca, eu sinto amor e ódio por ela também. ela é uma personagem feita para ser a Cool Girl da história, mas eu também gosto de como o autor não tornou ela perfeita, e nem "imperfeita perfeita" (aquela personagem cujas imperfeições são divertidas ou "legais", e de certo modo tornam ela perfeita também). às vezes, quando eu leio YA, eu sinto falta de personagens falhos de um jeito verdadeiro, que podem até ser meio irritantes, mas ainda soam reais. acho que essa é a base da personagem dela; mas o jeito que ela foi trabalhada realmente não consegue passar isso e ela fica rasa e chata (e a romantizada que dão nos comportamentos destrutivos dela são uó)
    o Coronel foi meu favorito também! (bate aqui) eu sinto que a maioria dos personagens não tiveram um bom desenvolvimento, principalmente o Takumi e a Alaska. sinto que ela acaba se tornando só um acontecimento ou uma justificativa para o amadurecimento do Miles, e o Takumi desaparece na narrativa às vezes.
    ainda assim, eu gostei um pouco (talvez pelo estado emocional da época que eu li) de uma certa saudade que esse livro me fez sentir. de tentar achar profundidade em tudo, falar merda com os amigos, lidar com mudanças. mas como tu disse, eu também não conheci a Alaska, e isso me frustrou.
    (e o negócio do antes e depois também me deu o impulso para ler tudo aaaaaAAKJKJNK)
    enfim, desculpa pelo comentário ENORME. eu amei ler sua opinião sobre o livro <333
    beijos!

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  2. Hey Kathhi!
    Eu li esse livro há algum tempinho. Também acho que deixou a desejar. Antes de começar a lê-lo eu pensava "Ok, muito provavelmente a Alaska vai ser a minha preferida.", por isso devorei o livro para tentar descobrir realmente quem era a Alaska. Obviamente, acabei por não a encontrar.
    Amei conhecer o teu blog (já agr, #slytherinmelhorcasa)! beijos <3

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