sábado, 22 de agosto de 2020

A primeira vez que me senti parte da família

No natal do ano passado que passei com a sua família, seu tio me disse a seguinte frase: "bem-vinda à família". Não nego que tais palavras me chocaram de certo modo, mas também não nego que, por mais que aquilo soasse aconchegante, eu ainda me sentia um tanto deslocada quando o assunto era a sua família. Sempre fui o tipo de pessoa que demora para se adaptar e quando o assunto era estabelecer novos relacionamentos, eu era a última da lista e você soube disso no momento em que me viu isolada em um canto mexendo no celular nas oficinas de teatro. Aquele dia, quando eu fui na sua casa, eu não criei nenhuma expectativa de que algo especial fosse acontecer. Estávamos deitados na cama quando sua irmã veio avisar que iríamos jantar na sua tia, que mora no mesmo pátio que vocês. Demoramos um pouco para ir até lá. Era massa com frango e batata palha. Eu não disse isso para você porque fiquei com vergonha, mas aquela foi a primeira vez que comi massa com batata palha. Foi diferente e ao mesmo tempo saboroso. Enquanto jantávamos, tocava algumas músicas na televisão e eu nunca comentei isso com você, mas gosto do costume que sua família tem que fazer quase tudo ouvindo música. Após a refeição, você foi lavar a louça; as crianças estavam brincando até que sua mãe botou Um Minuto Para o Fim do Mundo para tocar. Sua mãe sugeriu que as crianças escolhessem os instrumentos imaginários que gostariam trocar e lá estavam eles: sua irmã e um dos seus primos na guitarra e sua mãe no vocal. Ela estava animada cantando do modo mais desafinado possível, mas parecia tão feliz. Foi quando alguém, não lembro quem, teve a ideia de fazer uma rodinha. Eu estava do seu lado, conversando enquanto você lavava a louça, secando uma coisa ou outra quando não sobrava espaço, até que seu primo me puxou pela mão até a rodinha, tornando minha participação na ciranda musical mais como uma obrigação do que um convite. E lá estávamos nós, um quarteto eufórico pulando, girando, cantando e até mesmo rindo ao som de CPM 22. Eu nunca imaginei que esse tipo de coisa aconteceria, muito menos com a sua família, mas, naquele momento, eu senti que fazia parte de tudo aquilo. A frase do seu tio fez todo o sentido porque eu finalmente me senti bem-vinda na sua família.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Ao meu primeiro amor do Tinder: uma carta

Querido Vinícius,
vou dizer isso de novo porque é um fato verídico: acho que eu nunca chamei você de "querido" e derivados e se chamei, tenho certeza quase absoluta que foi em uma entonação irônica.
Faz tempo que não falo com você. Acho que você excluiu meu número do seu celular, ou me bloqueou no WhatsApp, mesmo que eu não lembre de nenhum motivo explícito para que isso acontecesse, mas o fato de que agora você tem namorada deve ser uma boa justificativa.
Não sei se você esperava que eu fosse escrever isso para você, mas saiba que eu acho injusto não incluir você nos meus destinatários.
Nossa história é longa e não sei se conseguirei resumi-la em poucas palavras, mas vamos lá.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

A vida em tempos de quarentena: uma lista por Kathhi Steam

1. Ando acordando depois das onze quase todo dia.
2. Comecei um scrapbook...
3. E acho que foi uma das melhores decisões que tomei durante a quarentena.
4. Voltei a consultar presencialmente com a psicóloga...
5. E sinto que as consultas têm sido cada vez mais produtivas.
6. Tenho um monte de matéria acumulada do cursinho...
7. E raramente eu faço algo para desacumulá-las.
8. Eu e meu pai desbloqueamos todos os personagens de Street Fighter IV.
9. Faço tudo o que posso ouvindo lo-fi...
10. Inclusive, estou fazendo isso enquanto escrevo essa postagem.
11. Fiz o almoço e a janta umas semanas atrás; eu e meu espaguete napolitano nos sentimos muito Masterchef.
12. Estou viciada em ver flip through de art journal no Youtube.
13. Eu e meu namorado vamos completar 9 meses daqui 18 dias...
14. Sendo, ironicamente, um dia após o meu aniversário de 20 anos...
15. E, pela primeira vez na vida, não me sinto mal por estar crescendo.
16. Estou esperando algumas coisas que comprei pela internet chegarem...
17. E ando extremamente ansiosa a ponto de checar o rastreamento dos produtos no site dos Correios de minuto a minuto.
18. Comprei dois volumes de Cem Sonetos de Amor do Pablo Neruda em um sebo online; um para ler e outro para usar no scrapbook...
19. Mas ainda estou me questionando se terei coragem de rasgar o livro.
20. Estou aprendendo a me acostumar com o fato de que estou deixando de ser adolescente...
21. Embora ainda me sinta jovem e tenha a mesma carinha desde os 12 anos.
22. Ganhei um filtro dos sonhos do meu namorado; botei aqui na porta de casa...
23. Mas meus sonhos estranhos continuam...
24. Mesmo que sonhar acordada esteja sendo um dos meus passatempos preferidos.

domingo, 5 de julho de 2020

Ao meu primeiro amor paulista: uma carta

Querida Bruna,
essa é minha segunda carta e essa é a segunda vez que eu começo ela sem saber o que escrever. Estava em dúvida para quem eu deveria começar a escrever a carta (você ou a Chess), então eu usei o site do Pergunte ao Polvo e ele respondeu: “escrever a carta para a Anurb” e cá estou eu.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Sobre tempo perdido, matéria atrasada e lo-fi

Perdi a conta de desde quando estou enrolando para fazer essa postagem. Sinto que a preguiça tem me afetado mais do que o normal nesses últimos meses, principalmente na situação em que nos encontramos. Felizmente voltei a consultar presencialmente com a psicóloga e sinto que minhas sessões tem sido cada vez mais produtivas. Mesmo fazendo terapia por quase 3 anos, tenho a impressão de que só comecei a me abrir de verdade agora. Para variar, tenho deixado meus estudos de lado... Bom, pelo menos a parte "massiva", já que tenho acompanhado as aulas online por vídeo-chamada sempre que posso. Acho que desaprendi a estudar à distância, já que ano passado eu tinha mais disciplina para esse tipo de coisa e esse ano, além de cansada, sinto uma certa indisposição. Daqui dois dias é aniversário do meu namorado e eu não consegui terminar o scrapbook a tempo. Na verdade, eu se quer revelei as fotos que seriam incluídas no pacote, mas a parte escrita do negócio já tem meio caminho andado. Esse era para ser um presente de dia dos namorados, que  mais tarde acabou se tornando presente de aniversário e agora acabou sendo transferido como presente de aniversário de um ano, sem mais delongas. De uns tempos para cá, tenho ouvido bastante lo-fi, principalmente quando faço outras coisas no computador como separar fotos para imprimir e reorganizar palavras em diferentes plataformas nas quais gosto de me expressar. Enfim, tenho tentando aproveitar meus dias aos máximo, mesmo que do meu jeitinho preguiçoso. Muito obrigada por ter me acompanhado até aqui. Espero que você esteja tendo uma boa semana.

terça-feira, 28 de abril de 2020

O guia dos quarenteners da Via-Láctea

Começando essa postagem com um título que é uma clara referência a um dos livros que pretendo terminar de ler nessa quarentena (caso você não tenha pego a referência: O Guia do Mochileiro das Galáxias, do Douglas Adams), para a nossa alegria, nosso adorado Together veio complementar nossos dias de tédio com três temas e eu, como (quase) sempre, estou fazendo a postagem no final do mês por motivos de procrastinação e preguiça. É meio bobo reafirmar meu amor por listas porque só esse mês eu postei duas listas aqui e parece loucura pensar que ainda tenho muitas coisas para listar, mas, por enquanto, resolvi listar algumas coisas que podem seriamente servir como guia para os quarenteners dessa galáxia.

sábado, 25 de abril de 2020

Ao meu primeiro amor de filhote: uma carta

Querido Guilherme,
nunca tive a oportunidade de chamá-lo de querido, principalmente porque eu não tinha motivos para chamar você dessa maneira. Afinal, eu tinha só 6 anos quando nos conhecemos e eu nem deveria saber o real significado do adjetivo “querido” naquela época.
Nos conhecemos na primeira série e todo aquele clichê de mangá shoujo que relata o primeiro amor em território escolar. Parando para pensar, me sinto em Aoharaido.
Enfim: eu havia acabado de entrar na escola e você era um dos meus inúmeros colegas.
Havia tantos meninos para gostar e eu acabei gostando justamente de você, um dos mais serelepes.

terça-feira, 14 de abril de 2020

"Você não ama ninguém, Kath"

2. Escreva algo que alguém falou sobre você e você nunca se esqueceu. 
Era assim que começava a mensagem que você me mandou. Eu tinha noção que eu era a errada da história, só não queria admitir isso para mim mesma porque eu sei como dói ser machucada, mas eu descobri que também dói ser aquele que machuca. Você pode achar que não, mas eu gostava de você. Não do jeito que você gostava de mim, mas eu gostava mesmo assim. Confesso que eu sempre tive um certo receio de gostar de garotas por medo do que fariam comigo caso descobrissem. É estranho sofrer preconceito de você mesmo. Você ainda me parece uma pessoa fantástica e tão bem resolvida. Eu gostaria de ser como você, mas somos tão diferentes; afinal, você é uma garoa de final de tarde e eu sou um furação que destrói tudo pela frente. Eu destruí você e isso acabou me destruindo também. Às vezes eu penso em te pedir desculpas de novo e por mais você diga que me perdoa toda vez que eu faço isso, eu não acredito. Eu te iludi, eu te dei esperança, mas principalmente eu despertei sentimentos em ti sem a intenção de ficar e isso é errado. É errado brincar com o coração de alguém e talvez eu não fosse madura o suficiente. As minhas experiências amorosas naquela época eram vagas. Eu pensava que frio na barriga, sorriso bobo e coração cheio eram sinônimos do amor, mas, às vezes, amor é simplesmente isso: amor é cuidado, amor é respeito, amor é carinho. Amor é tudo aquilo que eu não pude te dar quando tive a chance. Realmente, talvez eu fosse apaixonada pela ideia do que era vivenciar um amor, mas eu descobri que nem todo amor é igual. O mesmo modo que eu amei meu primeiro amor não é o mesmo modo que eu amo meu segundo amor e não tem nada de errado nisso, sabe? O mínimo que eu te desejo é alguém que seja seu companheiro, alguém com quem você possa contar nas horas vagas e não-vagas, alguém para compartilhar segredos, alguém para compartilhar uma vida, alguém para compartilhar amor.

domingo, 12 de abril de 2020

Felicidade tem nome: uma lista por Kathhi Steam

1. Liste 10 coisas que te fazem muito feliz.
1. Cachorros.
2. Pipi.
3. Dora.
4. Salty.
5. Zangado.
6. Branco.
7. Panda.
8. Pandora.
9. Bisnaga.
10. Feia.
P.S.: para quem não entendeu, esses são os nomes dos meus doguinhos.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Pequenos prazeres clichês: uma lista por Kathhi Steam

1. Cheirinho de café recém passado.
2. Ouvir uma música que te lembra alguém especial.
3. Conseguir compreender uma matéria que você tem dificuldade.
4. Ingerir algo quente no inverno.
5. Degustar algo gelado no verão.
6. Cinco minutos a mais na cama que se tornam dez, que se tornam quinze, que se tornam vinte...
7. Notificação inesperada de mensagem de alguém que você estava com saudades.
8. Rir até a barriga doer e os olhos lacrimejarem.
9. Ler seu livro preferido pela segunda vez.
10. Abraçar alguém por mais de dez segundos.
11. Escrever sobre o que você sente.
12. Se abrir sem escrúpulos com o seu psicólogo a ponto de não saber mais o que falar por ter falado tudo o que tinha que falar.
13. Beijar a bochecha de alguém que você gosta.
14. Se achar bonito em uma foto.
15. Dar a primeira garfada/mordida em algo que você estava com vontade de comer.
16. Dar o primeiro gole na sua bebida preferida.
17. Sentir o lado gelado do travesseiro.
18. Dizer "eu te amo" para quem você realmente ama.
19. Sensação de coração cheio.
20. Dormir sem peso na consciência por saber que você fez o seu melhor.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas Billie Eilish estava certa

My strange addiction está tocando repetidamente na minha cabeça desde ontem, mais especificamente a frase: "don't ask questions you don't wanna know". Ironicamente, isso me fez lembrar que uma vez discuti com uma pessoa sobre qual seria o órgão dos sentimentos. Comentei que boa parte das pessoas acreditava ser o coração enquanto eu, após conversar sobre isso com outro amigo, concordei com seu comentário vindo de outro comentário em que a professora dele formada em Psicologia havia dito que o órgão dos sentimentos era o estômago. Minha justificativa era a mesma que ela havia usado: boa parte daquilo que sentimentos era manifestado pelo estômago. Sentimos frio na barriga quando estamos nervosos ou com medo e sentimos um desconforto na região do abdômen quando lidamos com algo que não estávamos esperando. A resposta dessa pessoa foi totalmente diferente: ela disse que acreditava que o órgão dos sentimentos era o cérebro. Eu não havia parado para pensar naquilo e, por um momento, a resposta dela me parecia certeira. Sua justificativa era que nada no nosso corpo acontecia sem que antes passasse pelo cérebro. Se sentimos frio na barriga, era uma resposta direta do nosso cérebro. Por um momento, eu concordei e admiti que não tinha pensando por aquele lado. Contudo, após uma longa discussão na madrugada de hoje, acabo de concluir que acho que tanto o cérebro quanto o estômago são os órgãos dos sentimentos porque eles estão tão fora de ordem que mal consegui comer um potinho de gelatina agora pouco. Aquela discussão me fez pensar sobre mim, sobre ele, sobre nós e sobre tudo aquilo que planejamos e por um momento, eu senti tudo aquilo de novo. Eu senti aquele mesmo sentimento de quatro anos atrás: o sentimento de exclusão, o sentimento de culpa, mas principalmente o sentimento de intolerância. Eu confesso que sempre tive muita facilidade de aceitar como os outros são, afinal, isso não era um problema para mim até a madrugada de hoje. Eu sinto que estou sento intolerante, como se ele, exclusivamente ele, não pudesse ser considerado "diferente". Mas sabe qual é a pior parte? Inicialmente eu não me importei com isso. Eu mergulhei de cabeça, saí das margens e fui até o fundo para saber mais sobre o assunto, o problema é que eu não segui aquela regra. "Não faça perguntas que você não quer saber". Eu não queria saber, mas eu perguntei mesmo assim porque eu pensei que seria justo se eu soubesse tudo o que aconteceu com ele antes de mim, assim como ele sabia de tudo o que aconteceu comigo antes dele. Parece tão fácil "lidar com as coisas" antes de saber com o que estamos lidando. Basicamente, sinto que estou sendo intolerante, mas parece que esse sentimento piora quando se trata de ser intolerante com alguém que amamos. Tudo parece uma questão sem resolução até o momento e espero poder chegar a uma conclusão em breve, assim como espero que você esteja tendo um bom começo de semana.

terça-feira, 17 de março de 2020

Ao meu primeiro amor do cursinho: uma carta

Querido Diogo,
acho que vou começar toda carta dizendo que acho estranho começar uma carta chamando alguém de querido. Eu não costumo usar apelidos carinhosos com as pessoas, já que raramente chamo as pessoas pelo apelido, por mais que as pessoas na maioria das vezes se refiram a mim pelo meu apelido, mas isso não vem ao caso. Deve ser estranho receber uma carta desse tamanho. No momento, eu tenho tantas coisas a dizer, mas não sei por onde começar. É meio óbvio dizer que deve ser pelo início, mas eu estou com medo de assustar você que nem eu assustei aquela vez e eu não quero estragar nossa amizade… Se é que você define isso como amizade. Enfim, espero que esteja preparada para ouvir um turbilhão de confissões sobre meus sentimentos mais íntimos.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Sobre decisões, saudades e incertezas

No final das contas, eu cancelei minha matrícula no curso de Escrita Criativa e resolvi voltar para o cursinho. Confesso que meus três dias como caloura na PUCRS foram a realização de um sonho e por mais que meus pais ainda não tenham digerido muito bem minha decisão, eles a respeitaram e até me incentivaram a dar meu melhor esse ano para concretizar minhas metas. Vou sentir falta dos desafios das aulas de Conto? Mas é claro. Vou sentir falta do professor de Crítica Cultural e suas propostas que se encontram fora da minha zona de conforto? Com certeza. Vou sentir falta de soltar a imaginação no Laboratório de Criatividade toda sexta-feira? Disso não há dúvida. Por mais que meu lugar em Escrita Criativa não esteja mais garantido, pretendo tentar a sorte em Ciência da Computação. Às vezes eu estranho o fato de que meu ser oscila entre humanas e exatas e talvez eu devesse tomar uma decisão em relação a qual rumo tomar, mas não há como negar que linguagens é uma das áreas que mais me atrai e eu sempre gostei bastante, além de me dar muito bem com matemática e por mais que eu tenha opiniões negativas em relação à trigonometria, isso não inferioriza meus sentimentos pelos números. Agora são 16:25 e hoje eu já tenho a primeira aula do cursinho. Não sei como vou proceder esse ano em uma turma que não conheço boa parte do pessoal, mas espero que tudo dê certo, assim como espero que você esteja tendo uma boa semana.

sexta-feira, 6 de março de 2020

É aquele ditado: "não sei se eu termino o semestre ou volto para o cursinho"

Às vezes eu tenho a impressão de que quando tudo está bem demais, algo de ruim vai acontecer para me deixar para baixo de novo. Se eu não tivesse baixa tolerância à frustração, talvez eu lidasse melhor com os altos e baixos da vida. O lista dos aprovados da 2ª chamada do ProUni da PUCRS saiu hoje e meu nome não está ali. Eu estava quase certa de que conseguiria a bolsa e o resultado foi um balde de água fria nas minhas expectativas. Entendo que não somos capazes de ter tudo o que queremos, mas o fato de eu não ter parado para pensar em como seria minha vida se eu não passasse no ProUni faz parecer com que a dor seja pior. Falei sobre isso com meu pai e eu perguntei se ele ficaria brabo comigo caso eu resolvesse cancelar minha matrícula e bom, a resposta é meio óbvia, mas infelizmente não posso cancelá-la após o início das aulas, então propus minha segunda opção: trancar o curso. É minha primeira semana de aula e eu tenho plena consciência de que meu pai concluiu de que a filha dele enlouqueceu de vez. Não vou negar que Escrita Criativa é um dos cursos dos meus sonhos, mas eu sempre deixei bem claro aos meus pais que eu não queria que eles pagassem a minha faculdade e que cobrissem no mínimo o custo do transporte. Admito: eu não gosto de depender dos meus pais, ainda mais estando prestes a fazer 20 anos, idade em que jurei que seria o auge da minha independência, sendo que o mínimo de independência que possuo até agora é o fato de que ando para cima e para baixo de ônibus (com o dinheiro dos meus pais). Por outro lado, estou pensando seriamente em voltar para o cursinho. As inscrições serão neste sábado e eu pretendo me inscrever. Quem sabe meu futuro seja cursando Ciência da Computação na UFRGS ao invés de Escrita Criativa na PUCRS? Já ouvi várias vezes que se amamos algo de verdade, devemos deixá-lo ir e talvez seja isso que significa o amor pelo que fazemos: ter que ir quando necessário, e mesmo que a gente queira ficar, isso não significa que não voltaremos um dia. Espero chegar a uma conclusão em relação aos fatos citados anteriormente, assim como espero que você esteja tendo um bom final de semana.

segunda-feira, 2 de março de 2020

Sobre uma colcha florida lilás, Legião Urbana e clichês

Estávamos em silêncio por mais tempo que eu poderia contar, tudo devido àquela conversa. Eu havia acabado de virar de frente para você do lado esquerdo da cama, mas você não ouviu o som do farfalhar dos tecidos contra a fronha, já que estava usando fones de ouvido e permanecia deitado encarando a parede do lado direito. Depois de usufruir de boa parte do meu estoque de coragem, eu cutuquei seu ombro coberto pela colcha florida lilás. Você resmungou e eu disse que queria ver seu rosto; não demorou para que você se virasse e me lançasse um sorrisinho de lábios pressionados. Eu conhecia aquele sorriso. Você puxou a colcha sobre a sua cabeça e se enfiou para baixo dela, e eu, que não queria ficar de fora da brincadeira, fui atrás. E lá estávamos nós, mais uma vez em silêncio, em baixo da colcha florida lilás, sendo iluminados pelo visor do seu celular. Você me entregou um dos fones e eu reconheci a voz do lendário Russo em Pais e Filhos. Pouco antes da música acabar, você pesquisou mais uma música no YouTube e logo ouvi os acordes iniciais de Tempo Perdido. Cantamos a sua música num tom baixinho, como crianças que declaram seus segredos mais secreto aos seus melhores amigos, e quando chegou naquele bendito trecho, eu sussurrei só para você ouvir enquanto segurava seu rosto com ambas as mãos, cantarolando: "a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos". Senti sua mão sobre a minha e sorri, mas o que me fez expressar aquela bendita bobeira na parábola da felicidade foi quando você beijou minha testa. Depois, você botou um cover de Girassóis de Van Gogh para tocar e eu preciso concordar que você realmente tem uma cara de quem vai foder minha vida. Não lembro se foi antes ou depois que eu comecei a chorar, mas eu chorei e, para abusar do clichê, você tentou limpar minhas lágrimas ao som de Queen, mas eu não deixei e murmurei um: "merda" porque não gosto de chorar na sua frente. Eu sei que você trocou Love Of My Life por Don't Stop Me Now só para descontrair, isso até me questionar se eu não queria botar alguma música. Eu pensei nela logo de cara e em questão de segundos estávamos ouvindo This Side Of Paradise do Coyote Theory. Virei o celular na sua direção para que você pudesse ler as legendas. Foi tão irônico ouvir: "our fingers dancing when they met" e sentir sua mão na minha, mas o melhor de tudo não foi isso. Eu achava isso clichê até ter seus lábios junto aos meus enquanto ouvíamos ele cantar: "I'll be yours and you'll be mine", mas sabe o que foi mais clichê nisso tudo? O fato de que eu sorri enquanto nos beijávamos. Esse é o pior clichê que eu poderia cometer namorando você e olha que nem o fato de termos escovado os dentes juntos é algo tão digno de primeiro lugar quanto isso! Eu já disse que tudo que envolve nós é clichê, e você sabe muito bem que eu odeio clichês… Bom, exceto os de romance.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Ao meu primeiro namorado: uma carta.

Querido Deivyd,
é a segunda vez que eu digo isso em uma carta, mas acho que eu nunca chamei você de querido e isso me faz lembrar automaticamente o fato de que você disse que é fofo quando eu te chamo de amor, mesmo que isso não venha ao caso (pelo menos, não nessa parte da carta). Você mandou a carta que você estava fazendo para mim e eu finalmente matei minha curiosidade ao lê-la. Acho fofo ver você expressando seus sentimentos, seja de modo verbal ou não-verbal, porque eu não sou o tipo de pessoa que transparece com frequência o que sente e acho que você já reparou nisso. 
Sabe, Deivyd, acho que vou começar todas essas cartas do mesmo jeito: começo dizendo algo aleatório, depois mudo de assunto, digo a história de como nos conhecemos, narro os nossos melhores acontecimentos e, por fim, digo o que senti (e ainda sinto) por você. É uma boa linha de raciocínio a ser seguido, então… Vamos lá?

domingo, 23 de fevereiro de 2020

5, 4, 3, 2 e... O que vem depois? Uma contagem regressiva para a chegada da vida universitária

A 2ª chamada do ProUni saiu no início da semana, mais especificamente numa terça-feira. Acordei ansiosa, por volta das oito da manhã, e entrei no site na expectativa de obter os resultados e acabei ganhando nada. Voltei a dormir e acordei umas dez e quinze, entrei novamente no site, olhei a lista e encontrei meu bendito nome ali. Dei a notícia aos meus pais, ao meu namorado e até postei nos stories do Instagram, mas mesmo depois de tudo aquilo eu ainda não acreditava que sim, eu tinha conseguido uma bolsa no curso de Escrita Criativa. Parando para pensar, ainda não parece real o fato de que vou estudar aquilo que gosto em pouco mais de uma semana. As aulas começam dia 4 de março e eu já estou ansiosa para oficializar de vez minha "vida universitária". Estou criando altas expectativas para o meu primeiro semestre desde que fiz minha matrícula no curso, que foi exatamente no mesmo dia em que ganhei um cartãozinho que informa meu nome e meu respectivo curso. Confesso que às vezes eu pego ele e fico admirando aquele pedacinho de plástico azul e branco. Na parte de trás diz que ele é de uso indispensável enquanto eu estiver no campus, então suponho que ele seja importante. A propósito, já tenho minha grade de horários. Nesse semestre, terei Crítica Cultural, Escrita Criativa: Conto, Fundamentos dos Estudos Literários, Laboratório de Criatividade, Leitura e Produção Textual, Literatura de Massa e, para fechar com chave de ouro, Repertório I. Enfim, saibam que espero ansiosamente pelo meu primeiro dia de aula, assim como espero que você esteja tendo um bom final de semana.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Para todos os personagens que já amei

Não importa quantas vezes eu escreva uma carta, toda vez que eu paro para escrevê-la, eu automaticamente não sei como começá-la e, para não perder o costume, essa postagem se encontra na mesma situação que minhas cartas. Já perdi a conta de quantas vezes comento que é estranho começar uma carta chamando alguém de querido ou querida, que eu nunca tinha chamado essa pessoa de querido ou querida e todo esse clichê que eu mesma inventei. Graças ao Together e minha atual loucura por cartas, hoje lhes trago algumas das minhas paixonites fictícios que marcaram minha fase de transição da pré-adolescência à adolescência, além da entrada para o mundo dos adultos.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

É isso que acontece quando você enlouquece

Depois de ter passado cinco dias em Santa Catarina, ido ao Beto Carrero World, andado em uma montanha-russa invertida e descido de uma torre de cento e dez metros duas vezes a mais de noventa quilômetros por hora, eu concluí que estou oficialmente no auge da loucura. Alguns dias antes de viajar, eu comentei no Twitter sobre a minha atual loucura por cartas e no fato de Para todos os garotos que já amei estar envolvido nisso (it's your fault, Jenny Han). Sem sombra de dúvida, a trilogia Para todos os garotos foi algo que me marcou de um modo que eu nunca pensei que tais livros fariam com que eu quisesse imitar a personagem e escrever cartas de amor para todas as pessoas que já amei, porém acho que acabei levando esse projeto a outro patamar porque acabei criando um tumblr especialmente para isso: postar minhas cartas, sejam elas de amor ou não. Meu mais novo cantinho, nomeado Para todas as pessoas que já conheci, é um local na qual posso chamar de lar, onde compartilharei meus sentimentos em relação aos mais diferentes destinatários. Ainda não sei de quanto em quanto tempo postarei as cartas, muito menos quem será meu próximo destinatário, mas saibam que estou animada. Espero que estejam tão animados quanto eu, assim como espero que você esteja tendo uma boa semana.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Sobre crises, cadernetas e fotos polaroid

Ontem eu entrei no site do ProUni para ver quantas bolsas de estudo há no curso de Escrita Criativa da PUCRS: a resposta é 2. Só há 2 bolsas de estudos integrais que abrangem a ampla concorrência para a curso de Escrita Criativa da PUCRS. Depois, entrei no site do SiSU e vi que fiquei em 20º lugar em Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IFSUL e 204º lugar em Ciência da Computação na UFRGS. Falei sobre isso com meu namorado e comentei que já estava ficando sem esperanças, até que ele perguntou se eu não gostaria de tentar de novo ano que vem e, sinceramente, depois de ter lido aquela mensagem, eu pensei seriamente que estava prestes a ter mais uma crise. Acho que posso dizer que foi só um susto, por mais que eu tenha pensado em mil coisas que não deveria graças a maldita baixa tolerância à frustração. Estava esperando as cadernetas que comprei pela internet chegarem e bom, elas chegaram. Elas são lindas, tanto que postei uma foto delas nos stories do Instagram e dei um breve spoiler do destino que uma delas teria: ela se transformará em um scrapbook, que será um presente para o meu namorado em um futuro não tão distante. Pretendo escrever cartas, trechos de música e colar fotos polaroid como se fosse um livro de memória e bom, esse é o propósito do scrapbook. Minhas únicas preocupações no momento são conseguir dinheiro para comprar uma washitape com o objetivo de colar as fotografias na caderneta, revelar as fotos no formato polaroid (achei uma loja na internet que revela as fotos por R$0,80 a unidade, mas o número mínimo de fotos por pedido é 16), conseguir escrever e transcrever todas as cartas para a caderneta antes do dia dos namorados. Felizmente, tenho pouco mais de 4 meses para fazer com que tudo isso aconteça. Espero conseguir cumprir minha missão, assim como espero que você esteja tendo uma boa semana.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O legítimo "let it go": uma lista por Kathhi Steam

Eu já disse que eu adoro fazer listas? Pois saibam que eu adoro fazer listas e a proposta do Together para esse mês não poderia ter sido melhor: basicamente, trata-se de elaborarmos uma listinha daquilo que queremos nos livrar em 2020. Pelo que me lembre, eu nunca cheguei a fazer lista de desapegos, só lista de desejos (wishlist), lista de metas, lista de músicas (playlist), lista de coisas para fazer (to do list), lista de compras e lista de livros que eu gostaria de comprar, mas acho que posso dizer que desde os meus 11 anos passei a ser adepta às listas. Como estamos em 2020, o famigerado twenty-twenty, pensei em listar 20 coisas nas quais desapegar esse ano, mas como 20 é um número muito grande, eu dividi ele por 4 e optei pelo 5.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Confusões de uma garota que planta paranoias pt.1

Eu vivo plantando paranoias, isso não há como negar, mas o fato da minha menstruação ter atrasado fez com que eu idealizasse o pior pesadelo que eu poderia imaginar: gravidez. Imaginem: eu, Katherine, 19 anos, sem nem ter entrado na faculdade e não tendo o mínimo do que poderia ser considerado uma condição financeira para sustentar uma criança, grávida? Sem contar que algumas semanas atrás eu tinha passado mal e isso só reforçou o fato de que sim, eu estou grávida. Porém, a resposta para essa questão estaria nos exames de sangue que eu fiz a pedido da médica que eu consultei no meio de dezembro, mas eu estava olhando a papelada dos exames e eles não incluíam o de HCG, que seria o exame que confirmaria minhas suposições. Por fim, após ter consultado com a médica pela segunda vez para ver o resultado dos exames, dei as caras com algo que fez com que eu finalmente caísse na real em relação a minha (péssima) alimentação: estou com anemia. Ela disse que não era algo grave, já que o número mínimo que deveria ter no exame é 12 e o meu deu 11; eu ainda poderia reverter o processo. Por fim, pedi para que ela deixasse que eu fizesse o exame de HCG somente para me acalmar e bom, ela deixou. E lá fui eu na recepção do consultório pedir um orçamento do exame de HCG. No dia seguinte, acordei às 10 e pouca e às 11:10 já estava retirando um tubinho de sangue do meu braço. A moça que me atendeu disse que o resultado poderia ser retirado lá no consultório a partir das 17:00 do mesmo dia, ou eu poderia ver o resultado no site usando o login e a chave descritos no papel sobre as especificações do exame. Acabei voltando para casa, almocei sem muita vontade (porque o fato de eu estar com anemia praticamente me obrigava a comer alguma coisa) e fui à psicóloga. Falei para elas minhas preocupações mais recentes: o resultado dos exames de sangue, a consulta e todas as minhas preocupações relacionadas à minha possível gravidez. Saí de lá com um peso a menos na consciência. Cheguei em casa por volta das 15:20 e eu, curiosa, resolvi olhar o site para ver se o resultado do exame estava disponível e lá estava ele. Tentei abrir o arquivo pelo celular, mas não consegui, então me obriguei a ligar o computador e dar as caras com as seguintes palavras:
Resultado: não reagente. 
Aquelas foram as três palavrinhas que iluminaram meu dia após a tempestade que era aquela maldita paranoia de que sim, eu estou grávida sendo que não, eu não estou grávida... Ainda.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Sobre ENEM e a maldita indecisão entre Ciência da Computação, Teatro e Escrita Criativa

Chega um momento em que a gente tem aquela esperança de leve, mas grande parte de nós está: "seja o que Deus quiser... E tomara que ele queira". Eu estava assim antes de ver minha nota no ENEM. Sinceramente? Eu pensei que fosse ir pior, ainda mais não tendo acertado um número "digno" de questões em Matemática, sendo que essa foi a segunda matéria com a melhor nota, ficando somente atrás da redação. Confesso que esperava um 800 ao invés de 720 na redação? Confesso, mas continua sendo uma nota boa se comparada às minhas redações dos anos anteriores, que se quer chegaram no marco dos 600 pontos. Como o esperado, vou tentar o Sisu para Ciência da Computação ou Teatro na UFRGS. Não faço a menor ideia se irei passar, mas não custa nada tentar, não é mesmo? O problema é: e se eu passar? E se eu ingressar em Ciência da Computação/Teatro? Eu não queria ter que escolher entre Ciência da Computação, Teatro e Escrita Criativa de novo. Eu tenho quedas e penhascos por computação, teatro é praticamente o amor da minha vida e a escrita foi uma paixão que eu nutri ao longo dos anos, mas é em momentos como esses que eu me pergunto: o que eu quero para a minha vida? Sem sombra de dúvida, o meu eu de 15 anos responderia Escrita Criativa; mesmo que o meu eu de 17 anos escolhesse Teatro; mas, o meu eu mais recente, de 19 anos, optaria por Ciência da Computação. É estranho pensar o quão eu mudei de opinião nos últimos 5 anos. Espero encontrar uma maneira de superar esse dilema, assim como espero que você esteja tendo um bom final de semana.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Eu sei o que você fez no outono de 2018, Katherine

Em 2018, eu havia rascunhado uma postagem aqui no blog com o seguinte título: "eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida", devidamente inspirado (levemente puxado para o que as pessoas chamariam de "plágio" por eu não ter tido criatividade o suficiente para criar um título original) em Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida, um filme que eu se quer assisti, mas pretendo só porque tem a Clarice Falcão como personagem principal. Basicamente, a postagem trata-se de uma pequena história, uma espécie de conto que eu nunca terminei. Olhando para esse rascunho agora, dois anos depois, sinto que eu queria refletir minha confusão interior naquelas palavras. Afinal, 2018 foi um ano confuso: foi meu último ano do ensino médio, foi o ano em que eu fiz o ENEM para valer, foi o ano em que comecei meu tratamento psiquiátrico e foi o ano em que tentei fazer aquilo. Eu não gosto de falar sobre aquilo porque eu sempre acabo chorando, por mais que seja necessário recapitular os acontecimentos do passado às vezes, mas a resposta é sim, eu tentei fazer aquilosim, eu tentei suicídio; e sim, às vezes eu ainda penso em fazer isso de novo. Nunca pensei que eu, tendo um corpinho tão pequeno e magricelo, carregasse uma dor tão grande e quando eu penso que foram pequenas coisas que fizeram com que esse tsunami de emoções colidisse contra mim, eu automaticamente me julgo alguém que não tem motivos o suficiente para ter depressão. O problema é que eu aprendi que a depressão não escolhe seu hospedeiro: depressão não tem cor, depressão não tem idade, depressão não tem classe e, aos poucos, as pessoas digerem que depressão é uma doença. Meus pais não sabiam lidar com o fato de eu ter depressão. Às vezes eu paro para pensar que até hoje eles não sabem lidar muito bem com isso, já que somente minha avó materna havia apresentado um caso de depressão antes de mim. Acho que posso dizer que eles só levaram isso a sério quando houve a possibilidade de internação. Minha mãe chorou e meu pai a acudiu enquanto eu me questionava o porquê de insistir em permanecer aqui. Eu escrevia bastante porque constantemente me sentia mal, tanto que há relatos em documentos salvos tanto no computador quanto no bloco de notas e aplicativos de escrita no meu antigo celular. Comecei a escrever minha carta em 2018 e eu nunca a terminei porque sabia que quando a terminasse, eu não aguentaria mais. Nela, eu pedia desculpas às pessoas próximas, agradecia pelos ensinamentos, pelas boas memórias, pelos bons sentimentos e declarava minhas últimas juras, sejam elas de amor ou não. Eu pedia desculpa à minha prima, na qual é muito apegada a mim, por não ter sido forte o suficiente para vê-la crescer; eu dizia à minha vó que eu finalmente veria meu vô depois de tanto tempo; eu dizia ao meu pai o quão suas palavras e inúmeros tapas ao longo da vida me machucaram; e tudo aquilo parecia tão normal para mim. Era normal acordar não querendo ter acordado; era normal passar o dia inteiro sem comer simplesmente porque eu não conseguia sair da cama; era normal pensar que a morte seria minha salvação desse inferno que era a vida. Eu me deixei abalar inúmeras vezes: parei de tomar os remédios em um ato de autossabotagem porque me sentia doente ingerindo aquelas pílulas diariamente, já planejei aquilo mais vezes do que posso contar e confesso que tenha recaídas de vez em quando, mas, felizmente, de acordo com Edna Mode, a personagem mais icônica de Os Incríveis: "quem vive de passado é museu, o futuro a gente faz agora". Desde que ultrapassei a marca dos 14 anos, eu passei a viver no passado e eu não conseguia me imaginar futuramente, tanto que há algumas postagens aqui no Indie em que falo sobre meu medo de ingressar no ensino médio e bom, no final das contas, eu acabei sobrevivendo a essa fase da vida e agora estou prestes a dar meu primeiro passo no curso de Escrita Criativa em março de 2020. É estranho pensar que, dentro de dois anos (que parece ser um espaço de tempo tão pequeno), o quão as coisas mudaram: terminei o ensino médio, ingressei no ensino superior, comecei a namorar (algo que eu nunca pensei que fosse acontecer, pelo menos, não nessa idade), tive mais uma oportunidade de dar vida aos mais diversos personagens nos palcos e ainda voltei a dar meu ar da graça na internet, seja reclamando do meu namorado no Twitter ou falando o que penso aqui no blog. Sinceramente, às vezes tenho a impressão de que passei do fundo do poço para o auge da felicidade rápido demais. Sei que esse ápice não vai durar para sempre, mas por enquanto estou aproveitando o máximo que posso e espero que você, que talvez esteja passando por algum momento difícil agora, encontre a luz que precisa para iluminar o seu caminho assim como eu encontrei.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Uma espécie de crise emocional relacionada ao amor

Às vezes eu acho que minhas amigas me acham feliz demais. Acho irônico eu pensar que elas pensam esse tipo de coisa justamente de alguém que toma antidepressivos há quase dois anos. Elas dizem que eu sou iludida; já eu, afirmo que sou romântica. Já fiz essa pergunta aos meus pais e obtive respostas diferentes: meu pai disse que sou iludida e minha mãe disse que sou romântica. Entendo que as mulheres tenham uma visão mais romantizada em relação aos sentimentos, mas dói pensar que sou tachada de iludida. Dentre meu grupo de amigas, sou a única de acredita no amor e, ironicamente, a única que namora. Isso tem alguma coisa a ver? Precisa namorar para acreditar no amor? Acho que não porque eu acreditava no amor antes mesmo de namorar. Desde que eu me lembre, eu sempre acreditei no amor. Desde pequena eu consumo uma gama enorme de conteúdos românticos que nutriram cada vez mais minha crença nesse sentimento. Minha amiga me disse uma vez que nós só ficamos com as pessoas por comodidade; depois disso, eu silenciei o nosso grupo no WhatsApp. Isso fez com que eu pensasse se eu estou com ele por comodidade. Sinto que aquelas palavras foram o gatilho inicial para mais uma visita da minha boa e velha amiga: a crise. É meio louco pensar o quão influente são as palavras daqueles que gostamos, seja para o bem ou para o mal. Agora eu não consigo parar de pensar nisso. Eu não quero ficar com ele porque é cômodo, eu quero ficar com ele porque eu quero ficar com ele, porque eu gosto dele, porque ele gosta de mim, porque nós gostamos um do outro. E aí veio aquela maldita dúvida: "será que ele gosta mesmo de mim?"... E está feita mais uma safra da plantação de paranoias. Depois da nossa primeira briga, a minha insegurança só aumentou, mas eu não gosto de deixar isso transparecer. Ele disse que não tinha como prever que aquilo aconteceria, mas, ao meu ver, era algo que poderia ser impedido. Eu não deveria ter feito aquilo e ele também não. No final, concordo que nós dois erramos e acabamos nos reconciliando, mas eu tenho medo de que algo do tipo aconteça de novo. Eu não quero privá-lo de fazer o que ele quer por ciúmes ou mera insegurança. Gosto de pensar que o amor não é algo na qual se prender, mas, sim, se libertar, então por que impedir alguém que você ama de fazer o que ele quer em nome do "amor"? Isso pode ser chamado de amor? O que é amor? No teatro, tivemos que recitar um soneto de Luís de Camões que dizia: "amor é fogo que arde sem se ver, é ferido que dói, e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer". Demorei um tempo para relembrar quais das inúmeras figuras de linguagem está presente no poema. Eu pensei ser uma antítese, mas mais tarde descobri se tratar de um paradoxo. Paradoxo... O que é um paradoxo? De acordo com o famigerado Google, significa: "pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano, ou desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria; aparente falta de nexo ou de lógica; contradição". Eu não gosto de duvidar do que estou sentindo. Faz com que eu duvide de tudo; faz com que eu me sinta insegura em relação a tudo; faz com que eu queira me isolar no intuito de procurar razão onde se quer existe certeza. Afinal: antítese ou paradoxo?

Agora é sério: vamos falar sobre vegetarianismo e veganismo

Eu parei para pensar aqui: "existiam várias coisas que eu não sabia antes de virar vegetariana que eu só descobri depois de ter virado vegetariano", sem contar o fato de eu já estou cansada de ouvir a frase: "vegetariano e vegano é a mesma coisa" e eu sempre respondo a mesma coisa. Pois bem, meus caros, acomodem-se em seus acentos, pois hoje iremos viajar pelo incrível mundo do vegetarianismo e do veganismo. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Ao meu primeiro amor do ensino médio: uma carta

Querida Mariana,
é estranho começar uma carta com a palavra “querida” porque (1) essa é a segunda carta que eu escrevo em toda a minha vida e (2) eu ainda não sei ao certo o que dizer, mas vamos começar do início.
Nos conhecemos na escola quando eu estava no 1º ano. Minha vida se resumia a estudos, amigos e, claro, a bendita procrastinação.
Preciso confessar que eu me sentia meio sozinha antes de te conhecer. Mesmo que eu tivesse a Bárbara e a Marluce como amigas, eu me sentia sozinha, tanto que 2016 foi o ano em que eu passei a desenvolver a maldita depressão. Além do mais, não sei se você lembra, mas você fez um desenho meu com a minha camiseta de alien e meu colar de pedra com a frase: “você é mais forte do que pensa” e me mandou no Facebook. Eu tenho a foto salva no computador até hoje. Acho que você não sabe, mas uma colega minha com quem eu havia feito amizade mudou para o turno da manhã poucos meses depois de terem voltado às aulas e isso me deixou meio jururu, até que eu conheci você.
Sendo sincera, eu não lembro ao certo o que levou a nos relacionar, mas não posso negar que eu ficava de olho em ti na escola.